quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A VIDA DO SERTANEJO.


Ser sertanejo é morar
Numa casa sem conforto
Não dá valor ao aborto
Querer a prole aumentar
Ter dez filhos pra criar
Só no cabo da enxada
Lutar pela filharada
Mesmo tendo que sofrer
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

Não participar de festa
Viver lutando isolado
Com sua esposa de lado
Chapéu quebrado na testa
Ser vigia da floresta
Levantar de madrugada
Esta vida mal levada
Sem ter direito ao lazer
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

Nunca calçar um sapato
Nem vesti uma roupa nova
Porém tem que dar a prova
De não ser um homem ingrato
Mesmo sofrendo maltrato
Com uma vida atrasada
A mulher amargurada
Por não ter o que comer
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

Não sabe o que é mordomia
Sua vida é sofrimento
Seu transporte é um jumento
Pra andar na freguesia
Quando tem uma alegria
De repente ela é tomada
Sua casa é apertada
Quem nem dar pra se mexer
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada


Sua mulher é sempre feia
Por não usar maquiagem
E mesmo a sua roupagem
Quando é bonita é aléia
Se um filho lhe aperreia
Por ela esta enfeitada
Ela fica encabulada
Sem saber se defender
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

Os filhos não têm futuro
Por não ter como estudar
E começa a debandar
Dando um salto no escuro
Não tem um porto seguro
Nessa sua caminhada
Luta e não consegue nada
Pra poder sobreviver
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

É cidadão inocente
Não aprendeu a votar
Nem sabe reivindicar
Ao o nosso presidente
Sentir o que ele sente
E ficar de boca calada
Quando é que essa cambada
O sertanejo vai ver
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

Os desfrutes dessa vida
Ele nunca tem direito
O rico não tem respeito
Nem aponta uma saída
Falta dinheiro e comida
Que é uma coisa sagrada
A elite é afastada
Por não quer resolver
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

Ao o nosso presidente
Estou pedindo socorro
Como sertanejo corro
Para ser independente
Poder viver livremente
Sem ter minhas mãos atada
A justiça desvendada
Para punir quem dever
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada

Mesmo assim eu me orgulho
De ser um dos sertanejos
Muito embora os meus desejos
São visto como um esbulho
Nós estamos neste embrulho
Pois a plebe é condenada
A viver descriminada
E não tem como crescer
Ser sertanejo é viver
A vida sem gozar nada.

Escreveu: Davi Calisto Neto
Antônio Martins-RN, 22/09/2007.

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