terça-feira, 8 de janeiro de 2013

"MOTE: MINHA ARMA É A VIOLA/EU TAMBÉM SOU CANGACEIRO"



         A Rede Globo de Televisão passa a exibir nessa segunda-feira, dia 11, mais uma produção artística. A novela “Cordel Encantado” revela em seu contesto uma volta ao passado, num misto de coronelismo e a figura do cangaceiro, personagem enigmático que povoaram a Região Nordeste e muito especificamente os sertões nordestinos.
         Em virtude do horário nobre, a TV Globo costuma levar ao ar produções que tenham como foco principal histórias que marcaram épocas, que são as chamadas novelas de época.
         O poeta e escritor Davi Calisto Neto, inspirado no título da nova produção da Globo, resolveu descrever o mote já cantado por Ivanildo Vila Nova e o saudoso Severino Ferreira, que tem muito a ver com o título dessa novela.
          O mote é o seguinte: “Minha arma é a viola/eu também sou cangaceiro”.
         O Poeta Davi Calisto, assim escreveu:

Nasci num sertão de luta
Meu sustento é do roçado
Trabalhei pegando gado
Casei-me com uma matuta
Minha estrada é uma gruta
Minha mata o tabuleiro
Meu artista um sanfoneiro
Nunca freqüentei escola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro

Minha roupa é o gibão
Minha casa uma choupana
A minha bebida é cana
Minha comida é rubacão
Meu viagra é um pirão
De mocotó de carneiro
Meu berrante é de um ponteiro
Grande que o chifre enrola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro

O meu chapéu é virado
Com estrela reluzente
O meu cachorro é valente
Quando ele está acuado
É vaqueiro atrás do gado
É meu maior companheiro
É vigia do terreiro
Quando de mim se isola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro

Trago na curva do braço
Meu rifle marca cruzeta
E carrego de mãe preta
Um patuá do disfarço
Pra me livrar de embaraço
Armado por fazendeiro
Não fujo do meu roteiro
E nunca aceitei esmola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro

Sou adepto do xaxado
E da música sertaneja
Nunca freqüentei Igreja
Por viver sempre ocupado
Mas carrego do meu lado
Um livro do juazeiro
De Padre Cícero o guerreiro
A sua fé me consola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro

Por eu viver no cangaço
Nunca tive regalia
Apaixonei-me por Maria
Logo no primeiro abraço
Ao dividir meu espaço
Pra ser o seu companheiro
Deixei de ser bandoleiro
Comecei a ser carola
 Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro

Fugi muito da polícia
Com a minha cabroeira
Levei minha vida inteira
Convivendo com malícia
Integrante de milícia
Com mais de um pistoleiro
Que matava por dinheiro
 Em mais de uma fazendola
 Minha a arma é a viola
 Eu também sou cangaceiro

Deixei de ser cantador
Pra usar o mosquetão
Não usei o coração
Tornei-me um matador
A vida eu não dei valor
Passei a ser trapaceiro
Matei mais de um companheiro
Usando a minha pistola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro


 

          

Nenhum comentário:

Postar um comentário