domingo, 5 de agosto de 2012

O POBRE E O XIQUEXIQUE



Eu sou como o xiquexique
Nascido dentro da loca
Que o sol não me maltrata
Nem o aperto me sufoca
Recebo tudo do clima
Sem devolver nada em troca

Nascido numa barroca
Na depressão do lajedo
Buscando a seiva da vida 
Sem revelar meu segredo
Com espinhos pontiagudos
Que a todo bicho faz medo

Sem revelar seu enredo
Por não ser apreciado
Das plantas que tem na serra
Ele ser diferenciado
Ter espinhos invés folhas
Sem poder ser cortejado

Sem ter ninguém do seu lado
Solitário está  vivendo
Alimentando-se das sobras
Daquele que está crescendo
Mesmo sem ter companhia
Ele está sobrevivendo

A água que está bebendo
È retirada do clima
Sugada pelos os espinhos
Com suas pontas pra cima
Rasgando o ventre da nuvem
Quando ela se aproxima

Jesus é quem determina
Que ele viva desse jeito
Isolados dos demais
Mesmo sem ter preconceito
Sem ter como abraçar
Um amigo junto ao peito

Moribundo no seu leito
Vai vendo o tempo passar
O pássaro voar por cima
Sem nele poder pousar
Pois não serve pra escora
Nem a sombra pode dar

Não é plantado em pomar
Só lhe colocam no chão
Para evitar que os bichos
Ali façam escavação
Viver como eu estou vivendo
A vida é sem emoção

A Deus eu peço perdão
Por eu ter nascido assim
Viver no topo da serra
Bem distante do jardim
Mesmo eu sendo comestível
Ninguém quer saber de mim

Este é o triste fim
Do xiquexique da mata
Que apenas escuta o som
Que a água faz na cascata
O sol reflete os espinhos
Como se fossem de prata

Essa sua vida ingrata
Isolado e sem parceiro
De todas as árvores da flora
Ele é o pioneiro
Porque vive sem as chuvas
Como o pobre sem dinheiro 

Autor: Davi Calisto

Nenhum comentário:

Postar um comentário