Hoje eu olho no espelho
Vejo que o tempo castiga
A minha disposição
Transformou-se em fadiga
Diminuiu meu libido
Aumentou minha barriga
O presente me castiga
Com cobranças do passado
O que construí outrora
Hoje não é mais lembrado
Os erros que eu cometi
Nem se quer foi perdoado
Quem me ver abandonado
Não conhece as razões
Não sabe o que eu já sofri
Nas minhas transformações
Fases distintas da vida
Que eu guardo com emoções
As minhas recordações
Levam-me a vidas passadas
Que eu desejo apagá-las
Para não serem lembradas
As construções do passado
Estão deterioradas
Elas não são mais lembradas
Porque ser velho é o fim
Quem eu amei de verdade
Encontra-se longe de mim
Porque quem envelheceu
O tempo só cobra assim
Como uma flor do jardim
Que a abelha não visitou
Seu nécta foi esquecido
Depois que ela murchou
Nenhum pássaro colorido
A sua pétala beijou
Como a vida que passou
Sem que agente notasse
Depois da soma dos anos
O espelho denotasse
E a força da gravidade
Nosso corpo transformasse
Se a gente não recordasse
A vida seria bela
No salão da mocidade
Tinha uma passarela
Que o maniquim da velhice
Não tenha direita a ela
Na nossa casa amarela
A infância era lembrada
Depois dos cinqüenta o homem
A vida era renovada
Refazendo o velho em novo
Percorrendo a mesma estrada
Nessa nossa caminhada
O tempo é o vilão
Que atropela o futuro
Que está na contra mão
Impedindo que o presente
Faça a transformação
Quem se tornou ancião
Procura se defender
Olha para a juventude
Sem ter muito o que fazer
As lembranças do passado
É quem os fazem sofrer
Mesmo assim quero viver
Com todas essas rejeições
Lembrando do meu passado
E das minhas diversões
Só quem vive têm direitos
De sentir recordações
AUTOR: DAVI CALISTO NETO.
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