quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"DIA DE FINADOS"


Entre as catacumbas frias
Do cemitério esquisito
Eu desviava das cruzes
Pensando no infinito
Recordando da feição
Do pai, do tio, do irmão
Meu peito soltava um grito

Olhei e li um escrito
No túmulo de um parente
Rosas murchas que restaram
De um passado recente
Meditava com meus ais
Quantos filhos, quantos pais
Um do outro estava ausente

Numa busca permanente
Procurava explicação
Por que morria a criança
E ficava o ancião
Não entendi o mistério
Porque dentro do cemitério
Não existe divisão

Com um rosário na mão
Vi uma mulher chorando
Eu dela me aproximei
E fui logo perguntando
Ela de pronto atendeu
Foi meu filho que morreu
Por isso estou pranteando

Eu fiquei observando
As coisas que se passavam
Uns entrando outros saindo
Alguns se cumprimentavam
Muitos deles enlutados
Era o dia de finados
Que os vivos comemoravam

Os mortos que ali estavam
Nas tumbas silenciosas
Com seus corpos decompostos
Quantas mulheres formosas
Lugar sem muitas esperanças
Onde só restam as lembranças
De vidas tão preciosas

Quantas vidas imperiosas
Reinaram em quanto vivia
Porém debaixo do chão
Não existe regalia
Quem não souber, eu explico
Tanto o pobre como o rico
Deus nunca diferencia

Com muita melancolia
Entre dores e gemidos
Vi semblantes pesarosos
Por perder entes queridos
Lugar de desilusão
Onde não há ascensão
E os sonhos são destruídos

Ali só os falecidos
Tem direito a moradia
Não existem diferenças   
Em quem está na tumba fria
Ninguém é descriminado
Pobre e rico lado a lado
Sem haver soberania

Não vou fazer profecia
Por não saber do futuro
Entre a vida e a morte
Com certeza existe um muro
Do jeito que aqui está
Quem está do lado de lá
Está muito mais seguro

AUTOR: DAVI CALISTO NETO.









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