Ser sertanejo é
morar
Numa casa sem
conforto
Não dá valor ao
aborto
Querer a prole
aumentar
Ter dez filhos
pra criar
Só no cabo da
enxada
Lutar pela
filharada
Mesmo tendo que
sofrer
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Não participar de
festa
Viver lutando
isolado
Com sua esposa de
lado
Chapéu quebrado
na testa
Ser vigia da
floresta
Levantar de
madrugada
Esta vida mal
levada
Sem ter direito
ao lazer
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Nunca calçar um
sapato
Nem vesti uma
roupa nova
Porém tem que dar
a prova
De não ser um
homem ingrato
Mesmo sofrendo
maltrato
Com uma vida
atrasada
A mulher
amargurada
Por não ter o que
comer
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Não sabe o que é
mordomia
Sua vida é
sofrimento
Seu transporte é
um jumento
Pra andar na
freguesia
Quando tem uma
alegria
De repente ela é
tomada
Sua casa é
apertada
Quem nem dar pra
se mexer
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Sua mulher é
sempre feia
Por não usar
maquiagem
E mesmo a sua
roupagem
Quando é bonita é
aléia
Se um filho lhe
aperreia
Por ela esta
enfeitada
Ela fica
encabulada
Sem saber se
defender
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Os filhos não têm
futuro
Por não ter como
estudar
E começa a
debandar
Dando um salto no
escuro
Não tem um porto
seguro
Nessa sua
caminhada
Luta e não
consegue nada
Pra poder
sobreviver
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
É cidadão
inocente
Não aprendeu a
votar
Nem sabe
reivindicar
Ao o nosso
presidente
Sentir o que ele
sente
E ficar de boca
calada
Quando é que essa
cambada
O sertanejo vai
ver
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Os desfrutes
dessa vida
Ele nunca tem
direito
O rico não tem
respeito
Nem aponta uma
saída
Falta dinheiro e
comida
Que é uma coisa
sagrada
A elite é
afastada
Por não quer
resolver
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Ao o nosso
presidente
Estou pedindo
socorro
Como sertanejo
corro
Para ser
independente
Poder viver
livremente
Sem ter minhas
mãos atada
A justiça
desvendada
Para punir quem
dever
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada
Mesmo assim eu me
orgulho
De ser um dos
sertanejos
Muito embora os
meus desejos
São visto como um
esbulho
Nós estamos neste
embrulho
Pois a plebe é
condenada
A viver
descriminada
E não tem como
crescer
Ser sertanejo é
viver
A vida sem gozar
nada.
Escreveu: Davi
Calisto Neto
Antônio
Martins-RN, 22/09/2007.
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