A Rede Globo de Televisão passa a
exibir nessa segunda-feira, dia 11, mais uma produção artística. A novela
“Cordel Encantado” revela em seu contesto uma volta ao passado, num misto de
coronelismo e a figura do cangaceiro, personagem enigmático que povoaram a
Região Nordeste e muito especificamente os sertões nordestinos.
Em virtude do horário nobre, a TV Globo
costuma levar ao ar produções que tenham como foco principal histórias que
marcaram épocas, que são as chamadas novelas de época.
O poeta e escritor Davi Calisto Neto,
inspirado no título da nova produção da Globo, resolveu descrever o mote já
cantado por Ivanildo Vila Nova e o saudoso Severino Ferreira, que tem muito a
ver com o título dessa novela.
O mote é o seguinte: “Minha arma é a viola/eu também
sou cangaceiro”.
O Poeta Davi Calisto, assim escreveu:
Nasci num sertão de luta
Meu sustento é do roçado
Trabalhei pegando gado
Casei-me com uma matuta
Minha estrada é uma gruta
Minha mata o tabuleiro
Meu artista um sanfoneiro
Nunca freqüentei escola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
Minha roupa é o gibão
Minha casa uma choupana
A minha bebida é cana
Minha comida é rubacão
Meu viagra é um pirão
De mocotó de carneiro
Meu berrante é de um ponteiro
Grande que o chifre enrola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
O meu chapéu é virado
Com estrela reluzente
O meu cachorro é valente
Quando ele está acuado
É vaqueiro atrás do gado
É meu maior companheiro
É vigia do terreiro
Quando de mim se isola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
Trago na curva do braço
Meu rifle marca cruzeta
E carrego de mãe preta
Um patuá do disfarço
Pra me livrar de embaraço
Armado por fazendeiro
Não fujo do meu roteiro
E nunca aceitei esmola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
Sou adepto do xaxado
E da música sertaneja
Nunca freqüentei Igreja
Por viver sempre ocupado
Mas carrego do meu lado
Um livro do juazeiro
De Padre Cícero o guerreiro
A sua fé me consola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
Por eu viver no cangaço
Nunca tive regalia
Apaixonei-me por Maria
Logo no primeiro abraço
Ao dividir meu espaço
Pra ser o seu companheiro
Deixei de ser bandoleiro
Comecei a ser carola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
Fugi muito da polícia
Com a minha cabroeira
Levei minha vida inteira
Convivendo com malícia
Integrante de milícia
Com mais de um pistoleiro
Que matava por dinheiro
Em mais de uma fazendola
Minha a arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
Deixei de ser cantador
Pra usar o mosquetão
Não usei o coração
Tornei-me um matador
A vida eu não dei valor
Passei a ser trapaceiro
Matei mais de um companheiro
Usando a minha pistola
Minha arma é a viola
Eu também sou cangaceiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário