domingo, 19 de maio de 2013

"MOTE: NO BATENTE DA CASA DO VALENTE/TEM A FOICE DA MORTE PENDURADA"



POESIA DE CORDEL
DESCREVENDO O TEMA: NO BATENTE DA CASA DO VALENTE/ TEM A FOICE DA MORTE PENDURADA

Deus pregou só a paz e o amor
Pra que o homem na vida entendesse
Que o ódio ao próximo não crescesse
Tornando-se enfim  um  pecador
Procurasse a vida dar valor
Construindo o amor na caminhada
Quando a vida aqui for desligada
Ele aí  viverá eternamente
No batente da casa do valente
Tem a foice da morte pendurada

Foi Caim quem matou o seu irmão
Esse crime brutal foi no passado
Pela bíblia este fato está narrado
E nos fala que foi por ambição
O seu sangue clamava por razão
Pois a paz se achava ameaçada
Sua morte estava consumada
Pela mão desse homem delinqüente
No batente da casa do valente
Tem a foice da morte pendurada

Lampião foi um bravo no sertão
Começou  a matar só por vingança
Quem já leu a história tem lembrança
Poderá até a ele dar razão
Com um rifle cruzeta em sua mão
Uma calça de couro arregaçada
Um chapéu com a aba bem virada
Cartucheira e punhal na sua frente
No batente da casa do valente
Tem a foice da morte pendurada 

Jararaca matou sem piedade
No cangaço ele tinha confiança
Matou velho, mulher, matou criança
No seu crime existia crueldade
Lampião com ele tinha afinidade
Por saber que ele era camarada
Desafios na ponta da espada
Poderia surgir bem de repente
No batente da casa do valente
Tem a foice da morte pendurada

Todos morrem, e valente também morre
Isso é um consolo para o manso
Quando morre um valente é um descanso
Que na vida o mole não incorre
Quando isso acontece toma um porre
Por está com a raiva atravessada
Sem poder dar aquela extravasada
Mas mostrando um semblante de contente
No batente da casa do valente
Tem a foice da morte pendurada

Sei que um dia a morte vem buscar
Esse homem que tanto fez o bem
Nunca fiz o mau a seu ninguém
Nem tentei a ninguém prejudicar
Mesmo assim essa morte que levar
Ao meu ver ela age toda errada
Peço a ela que mude a emboscada
Por tratar-se  de quem é inocente
No batente da casa do valente
Tem a foice da morte pendurada 

Antônio Martins-RN, 02/03/2007
Autor: Davi Calisto Neto

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