domingo, 2 de junho de 2013

"MOTE: VOU ABRIR A CANCELA DO MEU PEITO/PRA PASSAR A BOIADA DO REPENTE"




Eu pretendo lembrar o meu passado
Quando era menino e bem feliz
A brincar entre os montes e alcantis
Esse tempo de mim foi afastado
Meu avô que me amou foi sepultado
Para mim ficou tudo diferente
Procurei do futuro ser vidente
Mas o meu prognóstico é sem conceito
Vou abrir a cancela do meu peito
Pra passar a boiada do repente

Eu recordo a primeira namorada
A paixão que eu tinha era incontida
Para tê-la arriscava a própria vida
Sem saber que ela estava apaixonada
Ao beijar sua boca avermelhada
Eu sentia uma coisa diferente  
Ela ali nos meus braços bem contente
Possuí-la eu não tinha esse direito
Vou abrir a cancela do meu peito
Pra passar a boiada do repente

Quando eu era menino na fazenda
Campeava o gado aboiando
No cavalo de pau que estava andando
Não usava nem cela e nem estenda
Minha avó com os birros a fazer renda
Com as pernas escoradas no batente
O meu pai nesse tempo era contente
Pois os filhos aos pais tinham respeito
Vou abrir a cancela do meu peito
Pra passar a boiada do repente

No passado eu vivi as alegrias
Natural de que tem a pouca idade
Porém hoje ao chegar terceira idade
Foram desfeitas as minhas fantasias
Hoje eu sinto que minhas regalias
Para mim já não é mais coerente
Pois que tem minha idade é mais prudente
A viver bem pertinho do seu leito
Vou abrir a cancela do meu peito
Pra passar a boiada do repente

Hoje em dia eu estou me perguntando
Onde está o meu tempo de criança
Mocidade que hoje com lembrança
Eu lamente e vejo se passando
O futuro que está me esperando
Hoje está muito longe do presente
No trajeto onde eu fui sobrevivente
Para mim eu trilhei tudo direito
Vou abrir a cancela do meu peito
Pra passar a boiada do repente

Do alpendre da casa onde eu morava
Avistava ao longe uma cancela
Que meu pai ao passar batia nela
Porque ela no chão já imperava
Meia lua no chão ela marcava
Pela mesma não abrir mais de repente
Seu rangido se encontra em minha mente
Eu tentei esquecer, mas não tem jeito.
Vou abrir a cancela do peito
Pra passar a boiada do repente
 
Autor: Davi Calisto Neto
Antônio Martins-RN, 13/04/2007





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