A CASA ONDE EU FUI NASCIDO
ESCREVEU: DAVI CALISTO NETO.
ANTÔNIO MARTINS- RN, 05/10/2016
A casa onde fui nascido
Pelos os anos desbotada
As suas paredes sujas
Foi pelo o tempo marcada
Resta somente a lembrança
Do meu tempo de criança
Na minha mente
gravada
Bem na margem da estrada
Onde ela foi construída
Avistei suas calçadas
Porta da frente caída
O terraço onde eu brinquei
O lugar onde eu me sentei
No meu início de vida
Todas soleiras comidas
Que o cupim devorou
O lugar onde eu dormia
O armador se arrancou
A mesa onde eu almoçava
O banco onde pai deitava
Só com uma perna ficou
O meu espírito chorou
Vendo a destruição
O quarto onde papai
Guardava o seu algodão
Um moinho enferrujado
Entre os destroços jogado
Vi uma mão de pilão
Ali fiz reflexão
De um passado de alegria
Uma mesa pequeninha
Onde mamãe escrevia
De sujeira quase preta
Achei na sua gaveta
Mais de uma fotografia
A poeira que cobria
Não me deixou revelar
Mas depois de algum tempo
Que eu comecei a limpar
Com a consciência sã
Vi que era da minha irmã
E comecei a chorar
Deus tinha vindo buscar
Ela em plena juventude
Só tinha vinte e dois anos
Cheia de amor e virtude
A febre foi quem matou
A morte veio e levou
Ela em sua plenitude
Resolvi ter atitude
Me afastei do lugar
Dizendo para mim mesmo
Nunca mais venho visitar
A casa onde eu fui nascido
Vou deletar do sentido
Pra nunca mais me lembrar
Não fiquei arrependido
Por ter feito esta visita
Mas por dentro eu chorei
Com tanta coisa esquisita
Entre fatos e alternância
Ali vivi minha infância
Minha fase mais bonita
Me afastei sem chorar
Com o coração doido
Meu passado de alegria
Eu vi ali destruído
Com o peso nos meus ombros
Deixei ali os escombros
Tristonho e desiludido
Não fiquei arrependido
Por ter feito esta visita
Mas por dentro eu chorei
Com tanta coisa esquisita
Entre fatos e alternância
Ali vivi minha infância
Minha fase mais bonita
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