VERSOS EM SETISSÍLABAS, DESCREVENDO O MOTE: TRAGO NO
SANGUE A DOÇURA /DA HISTÓRIA DO SERTÃO.
ESCREVEU: DAVI CALISTO NETO
Trago o meu chapéu de
couro
A perneira e o gibão
Carrego o meu matulão
Como se fosse um tesouro
Dentro um chifre de touro
Cheinho de algodão
Entre os dedos da mão
A faísca dar quentura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...
Da história do Sertão...
Gosto de baião de dois
De coalhada e carne assada
Também como malaçada
Misturada com arroz
Eu não deixo pra depois
Para tomar decisão
Por que minha criação
Ela não foi prematura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...
Da história do Sertão...
Uso um chapéu virado
E uma camisa xadrez
Botas de couro de uma
réis
Carrego um bornal de lado
O meu sinto é apertado
Cueca samba canção
No pescoço um medalhão
Uma faca na cintura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...
Da história do Sertão...
Me acordo de madrugada
Para desleitar as vacas
Eu nunca tive ações fracas
Nem nunca fiz emboscada
Respeito à mulher amada
Por ela tenho paixão
Por que a minha emoção
Meche com minha estrutura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...
Da história do Sertão...
Minha festa é vaquejada
Meu transporte é um
jumento
Eu não faço juramento
Meu forró é de latada
Meu tempero e carne assada
Com farinha e com feijão
Meu santo é Frei Damião
Minha mãe, a virgem pura.
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...
Da história do Sertão...
Meu cantor Luiz Gonzaga
Que cantou com sentimento
Sanfona é meu instrumento
Que o meu sofrer afaga
Ela musicou a saga
Do romeiro do sertão
O meu ritmo é o baião
Essa é a minha cultura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...
Peguei muito boi no mato
Depois botava a mascara
Usei ferrão numa vara
Meu calçado era um sapato
No meu gibão dava um trato
Pra sua conservação
O meu cavalo alazão
Não usava ferradura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
A garapa esbranquiçada
Correndo para o parol
E a lua como um farol
Clareava a madrugada
A garapa armazenada
Fazia a fermentação
E na sua apuração
Não podia ter mistura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
Dormi muito em bagaceira
Meu travesseiro uma cangalha
Corpo coberto de palha
Porém sujo de poeira
O chão forrado com uma esteira
Que era da cor do chão
E a lua com seu clarão
Parecendo uma escultura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
Levantar de madrugada
Levar o boi pra manjarra
Vê o sol rasgando a barra
Com uma cor amarelada
A garapa açucarada
Fazendo ebulição
No tacho a apuração
Do mel que faz rapadura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
Da história do Sertão...
Peguei muito boi no mato
Depois botava a mascara
Usei ferrão numa vara
Meu calçado era um sapato
No meu gibão dava um trato
Pra sua conservação
O meu cavalo alazão
Não usava ferradura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
A garapa esbranquiçada
Correndo para o parol
E a lua como um farol
Clareava a madrugada
A garapa armazenada
Fazia a fermentação
E na sua apuração
Não podia ter mistura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
Dormi muito em bagaceira
Meu travesseiro uma cangalha
Corpo coberto de palha
Porém sujo de poeira
O chão forrado com uma esteira
Que era da cor do chão
E a lua com seu clarão
Parecendo uma escultura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
Levantar de madrugada
Levar o boi pra manjarra
Vê o sol rasgando a barra
Com uma cor amarelada
A garapa açucarada
Fazendo ebulição
No tacho a apuração
Do mel que faz rapadura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...
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