sábado, 2 de novembro de 2013

"VERSOS EM SETISSÍLABAS, DESCREVENDO O MOTE: TRAGO NO SANGUE A DOÇURA/DA HISTÓRIA DO SERTÃO"



VERSOS EM SETISSÍLABAS, DESCREVENDO O MOTE: TRAGO NO SANGUE A DOÇURA /DA HISTÓRIA DO SERTÃO.
ESCREVEU: DAVI CALISTO NETO

Trago o meu chapéu de couro
A perneira e o gibão
Carrego o meu matulão
Como se fosse um tesouro
Dentro um chifre de touro
Cheinho de algodão
Entre os dedos da mão
A faísca dar quentura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...

Gosto de baião de dois
De coalhada e carne assada
Também como malaçada
Misturada com arroz
Eu não deixo pra depois
Para tomar decisão
Por que minha criação
Ela não foi prematura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...

Uso um chapéu virado
E uma camisa xadrez
Botas de couro de uma réis 
Carrego um bornal de lado
O meu sinto é apertado
Cueca samba canção
No pescoço um medalhão
Uma faca na cintura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...

Me acordo de madrugada
Para desleitar as vacas
Eu nunca tive ações fracas
Nem nunca fiz emboscada
Respeito à mulher amada
Por ela tenho paixão
Por que a minha emoção
Meche com minha estrutura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...

Minha festa é vaquejada
Meu transporte é um jumento
Eu não faço juramento
Meu forró é de latada
Meu tempero e carne assada
Com farinha e com feijão
Meu santo é Frei Damião
Minha mãe, a virgem pura.
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...

Meu cantor Luiz Gonzaga
Que cantou com sentimento
Sanfona é meu instrumento
Que o meu sofrer afaga
Ela musicou a saga
Do romeiro do sertão
O meu ritmo é o baião
Essa é a minha cultura
Trago no sangue a doçura
Da história do Sertão...


Peguei muito boi no mato
Depois botava a mascara 
Usei ferrão numa vara 
Meu calçado era um sapato 
No meu gibão dava um trato
Pra sua conservação 
O meu cavalo alazão
Não usava ferradura
Trago no sangue a doçura
Da história do sertão...

A garapa esbranquiçada 
Correndo para o parol
E a lua como um farol
Clareava a madrugada 
 A garapa armazenada 
Fazia a fermentação 
E na sua apuração 
Não podia ter mistura 
Trago no sangue a doçura 
Da história do sertão...

Dormi muito em bagaceira 
Meu travesseiro uma cangalha 
Corpo coberto de palha 
Porém sujo de poeira 
O chão forrado com uma esteira 
Que era da cor do chão 
E a lua com seu clarão 
Parecendo uma escultura 
Trago no sangue a doçura 
Da história do sertão...

Levantar de madrugada 
Levar o boi pra manjarra
Vê o sol rasgando a barra 
Com uma cor amarelada 
A garapa açucarada 
Fazendo ebulição
No tacho a apuração 
Do mel que faz rapadura 
Trago no sangue a doçura 
Da história do sertão...
  

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